quinta-feira, 2 de abril de 2009

Depoimentos


Olá pessoal!!!


Vamos continuar nossa produção, agora registrando coisitas de nossos processos!!!




Esses são os depoimentos de dois mebros do nosso Coletico, para que vcs entendam mais nosso trabalho



DEPOIMENTO LUIS

A partir da experiência conjunta, dialogando c os diversos profissionais q compuseram/compõem o Coletivo, tive a exata noção do q não quero fazer em teatro. Do que n quero me submeter, do q n quero fazer parte, do q n concordo, do q n compactuo, do q n acredito q seja arte. A liberdade proposta criou uma espécie de "vício" e n sei trabalhar de outra forma ( nem quero aprender!!!!)A visão sobre o mundo, sobre arte , sobre contemporaneidade...é muito estimulante e muito inspiradora. A forma caótica, relaxada, cínica e despojada do diretor de conduzir todo o processo e congregar todos em função de um objetivo final (q nem precisa estar pronto , finalizado) é ao mesmo tempo fantástica e aterrorizante, pois nunca realmente sabemos onde/como vamos chegar. O q fazer?Se entregar de corpo, alma, sexo, coração e muito despreendimento....só assim se pode ser um cruel de verdade!!!!



DEPOIMENTO MARCELO


A performance e a inquietação são aceitas mais nas artes visuais e plásticas que no teatro, principalmente como investigação. Por isso em 2004 resolvi colocar pessoas dentro do coletivo Cruéis Tentadores, que abriga diversas áreas, para enfrentar problemas de atravessamento de nossos próprios trabalhos e aumentar a chance de viabilização dos nossos projetos Dividir autorias e poder participar tbém de outros eventos culturais.


A performance me deu um espaço não como sala, mas como a idéia direcionada em que o processo começa a partir dele. A gente nunca parte de uma sala de espetáculos, esquecemos isso e vamos para processo de localização de personagens e de criaturas, perfis deslocados para o intérprete. Não é ator nem dançarino, mas intérprete.


Inicialmente, trabalho muito com o esvaziamento das informações, das sensações, do vocabulário, dos gestos dos interpretes diante do espaço. Ele começa absorvendo e reconstruindo a história do lugar onde ele está, e se transformando com isso. O que me interessa é como é que o interprete vivencia e reconstrói sua própria história. Mesmo o cenário mais experimental e mais anárquico que seja tem sua força, o interprete tem que se encaixar. Nada é impecável no teatro.


Esse deslocamento do corpo e do espaço cria organicidade, cria adaptações, mesmo que pareça frio e distante. O que eu posso criar de novo sem perder a identidade daquilo que já criei mais tarde também, aproveitar o que já tenho diante do novo.


O mercado muitas vezes não nos possibilita este tipo de pesquisa. Mesmo que o publico tenha receio, a mídia não noticie, que falem que não somos teatro, podemos correr este risco como artistas. O que é que eu vou ganhar no final? Esse é o diferencial do nosso trabalho, mesmo a longo prazo é este processo que nos mantém vivos dentro do que propomos, que nos traz uma identidade a cada experiência. O interprete tem todo direito inclusive de, num dado momento, não participar porque precisa de um dialogo mais forte com o mercado, mas queremos continuar nesta linha de produção e trabalho. Não é um “não me pague que eu não quero”, mas queremos que as pessoas experimentem outras coisas mesmo que durmam, não gostem, como somos jovens nas nossas carreiras podemos experimentar.


Quando o interprete sai destes processos ele também leva um repertório peculiar, porque o erro não existe no meu trabalho. Tudo é acontecimento no momento em que nos reunimos. O que ouço é que esta liberdade se traduz em segurança. Temos exemplos de substituições do dia pra noite, de viagens depois que fomos roubados, processos violentos de o interprete se virar sem um monte de acessórios e pirar, mas nasce uma nova metáfora de adaptação e de sobrevivência que nos faz ver o quanto precisamos nos libertar mais, amadurecer. Todos também têm seu momento de respiração. Atores, não atores, dançarinos, coreógrafos, arquitetos, todos juntos num mesmo processo.


A minha forma de artista cênico está sendo construída com problemas, privações, mas com felicidade e sem medo da exposição, as vezes sem ensaio o dia inteiro, mas uma inquietação mais performática e viva.