terça-feira, 28 de setembro de 2010

Artigo de Marcelo Souza Brito no A Tarde

Uma reflexão sobre cultura, política, espaço e gente!!!!!!!
acompanhem
http://www.pedraafiada.blogspot.com.br/
Caldeirão Cultural (?)
Marcelo Sousa Brito Ator e diretor, mestrando em artes cênicas pela UFBA

Já estamos cansados de ouvir falar que a Bahia é um caldeirão cultural. Mas o que pouco se fala é que nesta mesma Bahia existe uma Bahia que o próprio baiano desconhece: a Bahia que se encontra no fundo deste caldeirão.

Afastadas dos grandes centros urbanos, as cidades de pequeno porte vivem às margens do desenvolvimento cultural e lutam para manter vivas suas tradições e manifestações culturais.
Muitos artesãos abandonam o oficio, que, muitas vezes, é o meio de sustentar a família, porque as grandes lojas, as grandes marcas já vendem nos shoppings versões “repaginadas” de produtos que encontramos nas feiras e nos mercados. Cria-se assim uma concorrência desleal com quem não tem a propaganda nem as grandes modelos vendendo suas criações.

No interior, tanto da Bahia como de qualquer Estado brasileiro, é comum encontrar cidades nesta situação. Os governos, os patrocinadores, as grandes empresas só se interessam em financiar aquilo que está próximo do grande público, o que oferece visibilidade imediata.

Assim, o artista que está distante de onde a mídia se concentra vê o seu oficio ameaçado. Itambé é uma cidade assim. Situada no sudoeste da Bahia, entre Vitória da Conquista e Itapetinga, esta cidadezinha de aproximadamente trinta e três mil habitantes e oitenta e três anos de emancipação política vive neste momento um silêncio, um vazio cultural.

Muitas ações vêm sendo desenvolvidas e criadas para favorecer a descentralização de verbas públicas para a cultura, mas há de se pensar no atraso em que estas localidades estão em relação aos meios de informação/comunicação.

Estas verbas disponibilizadas pelos governos (Municipal, Estadual e Federal), para atender a população de forma democrática, são oferecidas através de editais, cujos formulários de inscrição são preenchidos on-line pela internet. Mas, nenhuma ação ou serviço foi oferecido para os artistas de Itambé, que em sua grande maioria ou não possui computador/internet em casa ou não teve a oportunidade de se familiarizar com a ferramenta.

Inviabiliza-se, assim, que um grupo de terno de reis da cidade, por exemplo, grave um CD para que as novas gerações conheçam esta manifestação quase em extinção. Itambé não é um caso isolado e sim mais um exemplo.Vivi, durante seis meses, o cotidiano da cidade, onde realizei a pesquisa de campo de meu projeto de Mestrado “Pedra afiada: um convite para o teatro invadir a cidade”, registrada no endereço www.pedraafiada.blogspot.com. Fui em busca de uma imagem coletiva desta cidade, em busca da opinião destes habitantes que estão ali esperando que algo aconteça: com eles e com a cidade.

Foi uma batalha diária fazer romper as barreiras construídas ao longo da história da cidade no tocante à falta de hábito dos moradores de ocupar os espaços públicos urbanos, de vencer o medo de sair de casa e enfrentar o desconhecido, o novo. Mas uma coisa não foi difícil: sentir que os itambeenses não só esperam algo acontecer como estão preparados para a mudança.

O estímulo, o acompanhamento, a assessoria, o acesso à informação é que estão faltando. Invadir a cidade e fazer o cidadão pensar, refletir, agir através da arte dá um novo vigor ao debate. Oferecer meios de pensar/viver a cidade produzindo um conhecimento que passará por gerações.

Itambé é uma cidade nova. Não encontramos obras de arte antigas ou modernas pelas ruas. Não temos no seu patrimônio nenhuma grande criação da arquitetura, mas lá, nos planaltos, montanhas e vales desta região peculiar deste Estado chamado Bahia, nós encontramos um povo disposto a defender seu lugar, a aprender a conviver com a distância, mas pronto também para saber como diminuí-la.

Os habitantes de Itambé, assim como de qualquer cidade deste imenso fundo do caldeirão chamado Brasil, querem ter os mesmos direitos e deveres sem sair de onde eles estão: longe dos grandes centros.

Mix Brasil elogia clipe do Cruéis

Vejam nossa mais nova crítica!

http://mixbrasil.uol.com.br/pride/ativismo/coletivo-cultural-baiano-arrasa-cantando-i-will-survive.html

terça-feira, 14 de setembro de 2010